Pré-Temporada: uma nova visão

Este momento dentro da preparação física está em evidência, devido a época do ano em que várias equipes sejam elas das mais variadas modalidades estão retornando às suas atividades.

A pré-temporada era a tempos atrás um período tido pelos atletas principalmente, como um momento longo e monótono onde apenas entravam em contato com a bola depois de um intervalo de tempo realizando apenas trabalhos físicos e avaliações. Em termos eles estão corretos, pois a pré-temporada é repleta de trabalhos físicos e compostos por avaliações físicas que nortearão o trabalho de preparadores físicos e fisiologistas. Porém com a modernização das metodologias do treinamento ela deixou de ser longa (devido ao calendário) , monótona e chata.

A partir de alguns anos com a evolução da área do treinamento esportivo e da fisiologia do exercício, muitas técnicas e conceitos passaram a se modernizar e permitir aos responsáveis pela área a executarem novos métodos de trabalho que consistem em realizar dentro de uma pré-temporada trabalhos físicos unidos ao trabalho com bola. Para os atletas não existe nada pior do que realizar exercícios físicos sem o contato com ela, assim através da aplicação de mini jogos e treinos técnicos-táticos que se utilizem da coordenação e do lado cognitivo podemos diminuir este incômodo. Além disso exercícios físicos com a presença da bola favorecem diminuição e modificação das intensidades. Ao nos utilizarmos destas ferramentas podemos além da condição física, evoluir valências cognitivas, referentes a coordenação e controle motor que por vezes são esquecidas e que são de extrema importância para a tomada de decisão e execução das ações motoras inerentes aos jogos.

Com a mudança dos calendários, atletas e comissões técnicas passaram a ter de desenvolver trabalhos que se adequem a nova realidade, ou seja, períodos curtos de preparação e início rápido dos jogos uma alquimia que não auxilia em nada a obtenção de uma aceitável condição física e por consequência a diminuição da ocorrência de lesões. Por isso cada vez mais vemos grupos com grande quantidade de atletas, o que permite a comissão técnica condições de realizar rodízios ou trocas que beneficiem a aquisição de uma base física ideal para a sequência da temporada longa e muito disputada.

Ao se ter esta nova visão, os atletas passaram a ter uma maior responsabilidade e identificação do quão é importante esta base dada durante este período para o restante da temporada. Com a importância que a parte física adquiriu dentro nas modalidades, ter uma boa condição aeróbia, por exemplo, facilita uma melhor recuperação entre os estímulos, além de permitir uma melhor resistência necessária para suportar as partidas e treinos. Ter uma boa resistência anaeróbia, favorece ao organismo do atletas realizar tiros, mudanças de direção e frenagens que estão inseridas nas ações motoras das partidas. Isso acontece com as diversas valências existentes que compõem uma completa periodização.

Devido ao período de férias que os atletas possuem, ao se apresentarem aos trabalhos necessitam de uma boa readaptação aos estímulos físicos, pois seus organismos devido ao tempo em inatividade perdem muito de suas valências e para que possamos inibir lesões e processos como overtraining, este procedimento passa a ser essencial.

A desoxidação aplicada nos músculos com os exercícios de readaptação, unidos a trabalhos de musculação só trazem benefícios ao próximo passo a ser dado. Os músculos ao serem ativados, basicamente sofrem microlesões e com isso passam a produzir mais proteínas facilitando seu desenvolvimento e por consequência protegendo tendões, ligamentos entre outras estruturas. Cada momento dentro de uma pré-temporada deve ser extremamente planejado e interligado, pois mesmo as valências tendo características diferentes, são dependentes e são a base para um novo passo e desenvolvimento completo para uma boa preparação física.

As valências devem ser desenvolvidas conforme um planejamento que leva em conta a importância delas dentro de uma partida. Segundo o princípio da especificidade, devemos desenvolver qualquer valência ou ação motora dentro da realidade na qual ela está inserida dentro do jogo, portanto desenvolver capacidades como força, potência, velocidade entre outras dependerá muito de qual modalidade você está trabalhando e o momento no qual irão se desenvolver e como isso ocorrerá depende muito do critério do profissional responsável.

Portanto o planejamento e execução da pré-temporada deve ser desenvolvido segundo o critério do preparador físico, com o intuito de favorecer a produção uma base das valências físicas mais importantes para a execução das ações dentro do jogo, porém ela não precisa ser composta por exercícios que estejam repletos de estímulos iguais, sem contato com bola e principalmente sem planejamento constituído pela ciência que cerca o treinamento esportivo.